Num momento em que já vem cogitando pausar o ciclo de aperto monetário, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) optaram por uma maior cautela no sentido de não sinalizarem para o mercado de que o trabalho de combate à inflação do Banco Central norte-americano (FED) já está feito, mas também de reconhecerem que um grande progresso já foi alcançado até aqui.
Essa maior cautela do FED se justifica pelo fato de que o processo de transmissão da política monetária para a economia real está se dando de maneira diferente em relação a outros ciclos de alta de juros, e vem acontecendo num ritmo mais lento do que o antecipado, o que pode exigir mais ação por parte do FED para reforçar o seu compromisso de fazer a inflação convergir para a meta de 2,0%. Nesse sentido, o efeito total do aperto monetário ainda está por se fazer sentir sobre a atividade econômica.
Por outro lado, os últimos dados, mostrando uma trajetória mais benigna de inflação, o esfriamento do mercado de trabalho, com um maior alinhamento entre a demanda e a oferta de trabalhadores, além de um retorno das expectativas de crescimento do PIB para algo mais próximo da tendência de longo prazo (1,8%) contribuem para satisfazer as condições impostas anteriormente pelo presidente do FED, Jerome Powell, para não promover mais altas de juros.
Por fim, os diretores do FED vislumbram a possibilidade de que o rendimento elevado das Treasuries deixe de contribuir para o aperto das condições financeiras, não fazendo mais parte do trabalho do FED de aperto monetário. Contudo, a avaliação predominante no Comitê é a de que o atual patamar elevado dos “yields” das Treasuries continua contribuindo para o aperto das condições financeiras.