O fim do excesso de poupança das famílias na virada do primeiro para o segundo trimestre do ano parece ter sido o ponto de virada para a perda de vigor da atividade econômica.
Diversos dados como produção industrial, vendas no varejo, investimentos em construção, encomendas à indústria e de mercado de trabalho passaram a apresentar uma maior fraqueza, surpreendendo negativamente desde então.
A produção industrial ficou estagnada em abril, vindo abaixo das expectativas (0,2% m/m). As vendas no varejo também registraram estabilidade no mesmo mês, frustrando as estimativas de crescimento de 0,4% m/m. Por sua vez, os investimentos em construção recuaram 0,1% m/m, contrariando a projeção de alta de 0,2% m/m. Já as encomendas à indústria referentes a março sofreram uma forte revisão baixista, saindo de 1,6% m/m para 0,7% m/m.
Anteriormente, o consumo das famílias vinha sendo impulsionado tanto pelos juros em patamares mais baixos como pelo excesso de poupança dos anos de pandemia. Agora, o único vetor que continua dando suporte para o consumo privado é o crescimento dos salários acima da inflação. Conforme visto na última pesquisa ADP divulgada ontem (05/06), que mede a geração de empregos no setor privado, os salários avançaram 5,0% a/a, superando a inflação ao consumidor medida tanto pelo CPI como pelo PCE, que estão em 3,4% a/a e 2,7% a/a, respectivamente.
Contudo, tomados em conjunto, esses dados mais fracos relativos à economia norte-americana ainda não parecem ser suficientes para permitir o início do processo de afrouxamento monetário por parte do Fed (banco central norte-americano) antes da última reunião do ano em dezembro, uma vez que, na seara inflacionária, os preços dos serviços, importante métrica de inflação, ainda teimam em ceder.