A Secretária do Tesouro do governo americano, Janet Yellen, sugeriu na reunião do G20 que ocorre neste momento no Brasil, que os ativos russos que estão congelados nos bancos, estimados em E$ 250 bilhões, decorrentes das sanções do Ocidente à invasão da Ucrânia pela Rússia, poderiam ser apropriados pela Ucrânia, como reparação pela invasão.
Ontem, os Ministros das Finanças da França, Bruno Le Maire, e da Alemanha, Christian Lindner, concordaram com a Secretária do Tesouro dos Estados Unidos. Le Maire foi mais cuidadoso, alertando que os países “não têm base legal para apreender estes ativos russos” e que os sete países mais industrializados do mundo (G7) “não podem tomar passos que provoquem danos ao direito internacional.”
São declarações preocupantes, dado o nível hierarquicamente elevado de quem as fez, a secretária do Tesouro da maior economia do mundo e os Ministros das Finanças dos dois países mais importantes da União Europeia. Declarações como estas podem colocar em risco o status do Dólar como moeda hegemônica no mercado financeiro e no pagamento do fluxo de comércio internacional, status este que já tem sido questionado por outros países, em especial, a China.
Se os Estados Unidos e a União Europeia estão dispostos a congelar ativos financeiros e transferir sua propriedade para outros países nos bancos sob sua jurisdição, caso o proprietário destes ativos adote alguma posição contrária aos seus interesses, a reação será questionar a credibilidade das moedas dos Estados Unidos e da União Europeia e tentar desenvolver moedas alternativas para financiar o comércio internacional e manter as reservas cambiais.
A decisão de congelar os ativos russos devido à invasão da Ucrânia, parece já estar gerando fuga de poupança destas moedas. Existem sintomas bastante fortes de que a China já vendeu mais de US$ 1 trilhão de suas reservas em títulos do tesouro americano e trocou por ouro e outras commodities metálicas. Declarações como estas certamente irão acelerar o processo.