Economia

Publicado em 19 de Junho às 20:31:27

Banco Central interrompe, como esperado, o ciclo de corte de juros

O Banco Central manteve, de forma unânime, a taxa Selic estável em 10,50% a.a. O consenso foi o principal ponto do comunicado, uma vez que ainda havia alguma incerteza acerca dos votos do grupo formado pelos quatro diretores indicados pelo atual governo.

O comunicado tentou equilibrar elementos mais “dovish” com elementos mais “hawkish”. Se, por um lado, o Copom optou por manter o balanço de riscos equilibrado, mesmo havendo uma clara deterioração no período entre reuniões (maio e junho), por outro, a adição de um cenário alternativo no qual se contempla uma Selic constante ao longo de todo o horizonte relevante, entregando a inflação na meta ao final de 2025, contribuiu para endurecer um pouco o comunicado.

Para se manter consistente com a comunicação da última reunião (maio), na qual enfatizou a importância das expectativas para a condução da política monetária, o Copom deveria realizar ao menos uma pausa no ciclo de corte de juros devido à forte desancoragem observada na pesquisa Focus. Contudo, a introdução do cenário alternativo com Selic estável em 10,50% a.a. até o fim de 2025 aponta mais fortemente para o fim do ciclo de cortes. Ainda assim, pode haver algum espaço para a retomada do ciclo de afrouxamento monetário mais adiante (no ano que vem), quando o início do ciclo de corte de juros nos EUA deve levar a um afrouxamento das condições financeiras globais.

Em termo dos elevados prêmios de risco, a decisão unânime desse Copom de junho deve contribuir para aliviar a pressão sobre os ativos, reduzindo parte do prêmio que se observa atualmente. O problema é que a questão da sucessão da presidência do Banco Central ainda vai continuar a alimentar as incertezas do mercado acerca da condução futura da política monetária daqui em diante.

A depender da escolha do presidente Lula para o comando da autoridade monetária, poder-se-á confirmar as suspeitas do mercado de uma política monetária mais leniente com a inflação de 2025 em diante, que se preocupe mais com o crescimento econômico do que com a estabilidade de preços.

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