Após o Brasil se juntar ao Chile como um dos primeiros países emergentes a promoverem cortes de juros, o Reino Unido continuou na ponta oposta (dos países desenvolvidos que ainda empreendem altas de juros). O Banco da Inglaterra (BoE) decidiu aumentar os juros em 25 pontos-base na esteira de uma inflação de serviços ainda resiliente e de um crescimento acima do esperado dos salários.
Assim como nas reuniões anteriores, a decisão do Comitê de Política Monetária (MPC) não foi unânime, com seis integrantes votando por elevar a taxa de juros para 5,25%, dois preferindo uma alta de maior magnitude (50 pontos-base) e um optando por manter a taxa inalterada em 5,00%.
O Banco Central inglês cortou as projeções de crescimento do Reino Unido, mas elevou as de inflação. A previsão anterior de expansão do PIB de 0,75% em 2024 e 2025 deu lugar a um crescimento mais modesto de 0,50% e 0,25%, respectivamente. Já a inflação foi revisada de 2,25% para 2,50% em 2024 e de 1,00% para 1,50% em 2025. Embora a autoridade monetária tenha revisado a inflação para cima por avaliar que possa ter ocorrido uma materialização de alguns dos riscos de alta para a taxa de crescimento dos preços, o menor crescimento do PIB deve ajudar no processo de desinflação.
Vale destacar que embora o Banco da Inglaterra não anteveja recessão para nenhum dos anos nos quais a política monetária deve permanecer em patamar restritivo, de todos os países desenvolvidos passando por um forte ciclo de aperto monetário, o Reino Unido é o que tem a maior chance de precisar passar por uma recessão para que a inflação retorne à meta de 2,0%.
A economia britânica vem sofrendo de uma combinação de fatores desfavoráveis que vão desde a perda do influxo de mão de obra da Europa continental com a saída da União Europeia (Brexit), o que vem ajudando a manter o mercado de trabalho britânico pressionado, até a forte alta de preços de energia e alimentos ocasionada em decorrência da invasão da Ucrânia pela Rússia.