O Comitê de Política Monetária (MPC) do Banco da Inglaterra (BoE) optou por manter os juros estáveis em 5,25% ao ano pela sétima vez consecutiva, decisão que veio em linha com o consenso de mercado. Assim como na reunião de maio, houve dissidência, repetindo-se o placar de 7 a 2. Os dois diretores dissidentes votaram por uma redução de 25 pontos base da taxa básica, para 5,0% a.a.
A conclusão majoritária do Comitê foi que a política monetária precisa permanecer em patamar restritivo por um período de tempo maior após a economia do Reino Unido ter crescido mais do que o esperado no ano até aqui.
A decisão de ainda não dar início ao ciclo de corte de juros, mesmo após a inflação em doze meses ter retornado para a meta de 2,0%, evidencia a cautela adotada pelo banco central inglês diante de uma inflação de serviços ainda pressionada (5,7% a/a). Tal nível de precaução não foi observado no Banco Central Europeu (BCE), que iniciou o processo de corte de juros mesmo com a inflação de serviços se situando em cerca de o dobro da meta.
Outro ponto de destaque é a proximidade da eleição britânica agendada para 4 de julho, na qual o partido conservador (incumbente) está em vias de ser derrotado pelo partido trabalhista (oposição). Nesse sentido, esse pode ser interpretado como um motivo extra, além da inflação de serviços ainda elevada, a adicionar uma camada a mais de cautela na condução da política monetária. A autoridade monetária não quer deixar nenhuma margem para interpretação de que uma redução de juros nessa reunião de junho poderia ter como pano de fundo alguma motivação política.
Por sua vez, o presidente do BoE, Andrew Bailey, já manifestou o desejo de começar o processo de afrouxamento monetário antes do Fed (banco central norte-americano), o que deve deixar o corte para no máximo até novembro (com grande chance de ocorrer em agosto ou setembro), uma vez que o Fed deve realizar a sua primeira redução na taxa de juros em dezembro.