O Banco da Inglaterra (BOE) se mostrou mais cauteloso do que o esperado em sua reunião de março, com apenas um membro do Comitê de Política Monetária (MPC) votando a favor de um corte imediato na taxa de juros. O cenário base é que o banco central fará mais três cortes nas taxas ainda este ano, com o próximo esperado para maio. No entanto, há um risco crescente de que o BOE realize menos cortes do que o esperado, ou até faça uma pausa no segundo semestre de 2025.
Na reunião de março, o MPC manteve sua taxa de juros de referência em 4,5%, com uma divisão de votos de 8 a 1. Swati Dhingra foi a única a pedir um corte de 25 pontos base, enquanto a expectativa inicial era de uma divisão de 6-2-1, com Dhingra pedindo um corte de 50 pontos base e Catherine Mann e Alan Taylor pedindo um corte de 25 pontos base. O comitê manteve a posição de que “uma abordagem gradual e cuidadosa na remoção da restrição monetária é apropriada”, conforme os minutos da reunião de fevereiro.
O tom mais cauteloso do MPC sugere que a probabilidade de cortes consecutivos a cada reunião diminuiu. Seria necessário um enfraquecimento prolongado do mercado de trabalho para que isso se concretizasse, o que parece menos provável, especialmente após os dados mais recentes sobre o mercado de trabalho.
Apesar da queda do PIB mensal em janeiro, a economia do Reino Unido parece estar se estabilizando. O BOE agora espera que a economia cresça 0,25% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com a previsão anterior de 0,1%. A expectativa é que a economia esteja saindo lentamente do período de fraco desempenho que marcou a segunda metade de 2024.
A recente elevação da incerteza geopolítica também foi mencionada nas atas da reunião, o que pode influenciar as decisões do MPC. O aumento do protecionismo e o aumento dos gastos com defesa podem gerar pressões inflacionárias globais, afetando as perspectivas de inflação no Reino Unido.
O cenário base é que o MPC continuará com cortes trimestrais, reduzindo as taxas mais três vezes este ano, com um corte adicional em 2026 e uma taxa terminal (neutra) de 3,5%. No entanto, o risco de cortes menores do que o esperado este ano aumentou após a decisão de março.
