Nesta quarta-feira (07/05), tivemos as tão esperadas reuniões dos comitês de política monetária do Brasil (Copom) e dos EUA (FOMC), responsáveis por definir as taxas básicas de juros de ambas as economias.
Nos EUA, o banco central norte americano (FED), decidiu, de forma unânime, manter a taxa básica no intervalo entre 4,25-4,50% a.a., vindo em linha com o esperado pelo mercado.
Apesar do resultado não ter sido surpreendente, houve alguns pontos de destaque no anúncio e na coletiva de imprensa que sucedeu a decisão. Em primeiro lugar, cabe destacar que o Comitê segue avaliando que a economia americana se expande em um ritmo bastante sólido, sugerindo que a contração do PIB no 1º trimestre deve ser interpretada com maior cautela. Isso se deve ao fato de que o principal vetor negativo para o PIB no período foi a forte elevação das importações (41,3%), que entram como uma subtração no cálculo do PIB, e que contribuiu com -5,0 p.p. para o crescimento.
Além disso, o FOMC avalia que o nível de incerteza em torno da economia americana se elevou ainda mais no período entre reuniões, sobretudo diante da escalada das tensões comerciais. Nesse cenário, julga-se que o atingimento do duplo mandato do FED de estabilidade de preços e pleno emprego se tornou mais desafiador, visto que os riscos de que haja a materialização de um cenário de maior desemprego e maior inflação (estagflação) aumentaram.
Dados esses riscos, ao longo da coletiva de imprensa, o presidente do FED, Jerome Powell, disse que o FED não se encontra em uma posição que permita cortar a taxa de juros de maneira preventiva, corroborando uma avaliação de que novas reduções só devem ocorrer quando a autoridade monetária tiver uma melhor estimativa do novo nível médio de tarifas aplicadas pelos EUA, permitindo cálculos mais precisos do impacto das mesmas sobre a inflação e as demais variáveis econômicas.
Já em relação a decisão da taxa de juros no Brasil pelo Copom, apesar de a alta de 50 pontos base que levou a taxa Selic de 14,25% para 14,75% a.a. ter vindo de acordo com o esperado, a mudança no balanço de riscos para a inflação de assimétrico para simétrico e a adição dos trechos “estágio avançado do ciclo de ajuste” e “seus impactos acumulados ainda por serem observados” (comumente utilizados pelos bancos centrais quando pretendem sinalizar o fim de um processo de aperto monetário) conferiram um viés mais “dovish” para o documento.
Esperávamos por um fim de guidance mais “hawkish”, com a manutenção da assimetria altista, considerando que tanto a dinâmica dos preços quanto o comportamento das expectativas de inflação ainda impõem grandes desafios à convergência da inflação à meta.