As reações negativas tanto do governo (incluindo a equipe econômica) quanto dos membros do Partido dos Trabalhadores a decisões de política monetária do Copom e à forte queda dos preços dos ativos como reação ao anúncio do pacote de contenção de despesas, são particularmente desestabilizadoras para a política econômica neste momento.
Existe pessimismo entre os investidores quanto à credibilidade de ambas as políticas, tanto a monetária quanto à fiscal. Do ponto de vista da política monetária, a dúvida se a nova diretoria do Banco Central, que toma posse em janeiro, irá perseguir a meta para a inflação, está no centro da queda dos preços dos ativos. Ao atacar as decisões do Copom, o PT e o governo apenas aumentam esta dúvida e, desta forma, confirmam a perda de credibilidade do Banco Central.
A reação negativa à queda dos preços dos ativos financeiros após o anúncio do projeto de controle de gastos, sinaliza aos investidores que, apesar de o projeto anunciado ter sido considerado fraco e insuficiente para estabilizar a dívida pública, nada mais forte será aprovado pelo PT e pelo governo, o significa para os investidores que a relação dívida/PIB vai continuem crescendo a uma taxa insustentável.
Com isto, cria-se uma “bola de neve”: as decisões são consideradas insuficientes, os agentes reagem com venda dos ativos brasileiros, os preços caem, o governo reage negativamente, os investidores interpretam esta reação como indicativo de que nada mais forte será feito, e os preços dos ativos voltam a cair.