O IPCA-15 do mês de agosto registrou variação de 0,19% m/m, ficando em linha com as expectativas de mercado (Broadcast+) e ligeiramente abaixo da nossa projeção (0,20% m/m). Apesar do número cheio não ter sido surpresa para o mercado, cabe destacar que a leitura se mostrou positiva, visto que algumas medidas importantes, como serviços, registraram arrefecimento em relação ao mês anterior.
Entre os pontos positivos, cabe destacar o desempenho da média dos núcleos que ficou abaixo do consenso de mercado e da nossa projeção, com composição mais bem comportada e de máxima dos seus componentes em 0,31% m/m e mínima em 0,27% m/m. Outro ponto de destaque ficou por conta do desempenho dos serviços intensivos em mão de obra, cuja dinâmica inflacionária apresentou arrefecimento pelo segundo mês consecutivo ao registrar alta de 0,24% m/m, a menor variação desde nov/22, sugerindo que o mercado de trabalho aquecido ainda não se traduziu em uma pressão inflacionária mais significativa.
Em contrapartida, o destaque negativo ficou por conta do desempenho de bens duráveis, puxado por uma surpresa no desempenho no item de bens duráveis, refletindo as altas de itens eletrônicos, joias e bijuterias. Seguimos avaliando que a dinâmica de preços de industriais como um dos importantes fatores de risco para o atingimento da meta de inflação e o dado de ontem reforça essa percepção.
Em nossa avaliação, a leitura de ontem corrobora a nossa expectativa de que a próxima reunião do Copom será marcada pela manutenção da Selic constante em 10,5% a.a., refletindo a adoção de uma postura moderada e cautelosa por parte do BC em um contexto marcado pelo início do afrouxamento monetária nos EUA. Para os próximos meses, as decisões do BC dependerão cada vez mais da evolução dos dados, sobretudo da concretização ou não da transmissão do ritmo de crescimento acelerado dos salários para preços.