O cenário continua desafiador para a economia brasileira. No exterior, as dúvidas quanto ao futuro da política monetária nos Estados Unidos e ao teor do discurso do Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole nesta semana, o aumento dos juros dos títulos longos no Japão, os sinais cada vez mais claros de desaceleração da economia chinesa e de agravamento da crise do setor imobiliário do país, que, aparentemente, começa a contaminar o setor financeiro como um todo.
Internamente, as dificuldades nas negociações entre o Presidente da Câmara dos Deputados e o Presidente da República quanto à reforma ministerial, cujo objetivo é incorporar o Partido Republicano (PR) e o Partido Popular (PP) à base do governo e, com isto, formar uma maioria na Câmara para aprovar as propostas de aumento de impostos indispensáveis para cumprir o Arcabouço Fiscal, a viagem do Presidente e do Ministro da Fazenda para a África do Sul para a reunião dos Brics, o que gerou insatisfação entre os Deputados e dificulta o processo de negociação para a aprovação do Arcabouço Fiscal pela Câmara, que estava programada para hoje.
Finalmente, os dados fiscais da economia brasileira também começam a preocupar os investidores, na medida em que as despesas estão se mostrando maiores e as receitas menores que o esperado e incompatíveis com o cumprimento das metas de déficit primário apresentadas no Arcabouço Fiscal, o que tem feito com que as projeções de déficit primário do setor público e da evolução da relação dívida/PIB mostrem sinais de deterioração. Em conjunto estes fatores estão afetando negativamente o comportamento dos ativos financeiros no Brasil desde o início de agosto.