Economia

Publicado em 16 de Julho às 18:18:13

China em apuros

Os dados da economia chinesa divulgados no domingo mostraram forte desaceleração da atividade e aprofundamento da crise no setor imobiliário. O PIB do país mostrou crescimento de 4,7% no segundo trimestre de 2024, em relação ao mesmo período de 2023, com forte desaceleração se comparado aos 5,3% do crescimento no primeiro trimestre. A produção industrial cresceu 6,0%, enquanto as vendas no varejo cresceram 3,7%, no mesmo período.

Em outras palavras, a oferta continua crescendo bem acima da demanda, o que tem gerado excesso de oferta e forte aumento das exportações e começa a criar desconforto entre os países importadores que ameaçam cobrar tarifas cada vez maiores dos produtos chineses.

Ao mesmo tempo, a crise do setor imobiliário continua se aprofundando. A venda de casas novas caiu 26,9%, os preços das casas caíram 4,9% e o investimento imobiliário caiu 10,1%. Ou seja, as medidas de apoio ao setor imobiliário não estão dando os resultados esperados.

Do nosso ponto de vista, a questão da China é mais estrutural que conjuntural. Após mais de cinquenta anos durante os quais o país investiu mais de 40% do PIB todos os anos, a produtividade marginal do capital caiu significativamente. No início da década de setenta do século passado, uma taxa de investimento de 40% do PIB gerava taxa de crescimento do produto de dois dígitos. A taxa de investimento permaneceu próxima a 40% do PIB e a taxa de crescimento do produto hoje está próxima a 5,0% ao ano.

A situação pode se agravar caso o ex-Presidente Donald Trump ganhe a eleição nos Estados Unidos e cumpra sua promessa de adotar uma tarifa de 60% sobre todas as importações chinesas, segundo alguns investidores. O excesso de oferta vai se aprofundar. Sem mudar a estrutura do produto, com aumento do consumo e redução dos investimentos, a desaceleração vai continuar.

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