Como esperado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu ontem manter a meta para a inflação em 3,0% ao ano até 2026 e, ao mesmo tempo, mudar o regime de metas para a inflação no país a partir de 2025, abandonando a meta no ano calendário e passando a adotar uma meta contínua.
Esta mudança não é inócua. A meta do ano calendário tem a função de criar um objetivo claro a ser perseguido pelo Banco Central e, ao mesmo tempo, definir um ponto de avaliação se a política monetária está na direção correta. Ou seja, o objetivo não é necessariamente atingir a meta no ano calendário, mas sim no horizonte relevante da política monetária, que hoje já é 2024.
A mudança para meta contínua, além de eliminar este ponto de referência de avaliação da política monetária, deixa em aberto várias questões, tais como: quem vai definir o horizonte de política monetária? Com base em que critérios? A intensidade e o tipo de choques serão levados em consideração? Quais os critérios de avaliação da política monetária? Em suma, sem ter um ponto de referência a ser perseguido, o regime se torna mais “frouxo”. Os efeitos sobre as expectativas para a inflação são imprevisíveis.