Em novembro, o saldo total das operações de crédito continuou em desaceleração, voltando a crescer abaixo de dois dígitos na métrica interanual pela primeira vez desde maio de 2024, ao sair de 10,2% a/a para 9,5% a/a. Com isso, o volume de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) avançou para R$ 6,97 trilhões (ante R$ 6,91 trilhões em outubro).
Os dados dessazonalizados mostraram um quadro divergente na margem entre o segmento de crédito livre (-2,1% m/m) e o direcionado (6,8% m/m).Essa leitura mista mostra o descasamento que ocorre atualmente entre a política fiscal e monetária. Enquanto, por um lado, a política monetária contracionista praticada pelo banco central para tentar desaquecer a economia vem gerando o esmorecimento das concessões na parcela de crédito livre, por outro o governo continua a estimular a demanda através de uma política fiscal expansionista que tem como um dos seus braços de atuação a ampliação do crédito subsidiado.
Nesse contexto marcado por uma taxa de juros ainda em território significativamente contracionista, as taxas de inadimplência (atrasos superiores a 90 dias) seguem se sustentando em um patamar historicamente elevado. O mesmo ocorre com o nível de endividamento das famílias, que atingiu o patamar de 49,3% em novembro, e com o comprometimento da renda familiar com o serviço da dívida, que alcançou 29,4%.
A despeito disso, os dados de crédito mais recentes não são incompatíveis com o atual estágio do ciclo de aperto monetário, estando em linha com os padrões apresentados em ciclos passados e corroborando a nossa avaliação de que o processo de arrefecimento ocorrerá de maneira gradual, sem rupturas. Um dado que reforça essa tese é o de concessões de crédito livre para o financiamento de importações, que no mesmo período do ano passado apresentou uma alta de 106,1% a/a e agora em novembro registrou -54,1% a/a, num sinal claro de arrefecimento da demanda doméstica.