A decisão do Copom de manter a taxa de juros em 13,75% ao ano e o teor do comunicado que se seguiu à reunião, dominaram o cenário econômico e político da semana passada. Ainda que a manutenção da SELIC nos níveis atuais fosse a expectativa da maioria dos analistas, membros do governo, inclusive do próprio Presidente da República, se mostraram decepcionados pelo fato de que o comunicado não sinalizou com clareza a possibilidade de que a taxa de juros possa ser reduzida na próxima reunião do Comitê, o que caracterizaria um tom excessivamente duro por parte da diretoria do Banco Central do Brasil.
Esta é, a nosso ver, uma avaliação incorreta do teor do comunicado. Em primeiro lugar, não se deve esperar que o Banco Central antecipe seus movimentos futuros de forma tão explícita. Afinal, dado o nível de incertezas vigente, nos 45 dias que separam duas reuniões do COPOM muita coisa pode acontecer. Neste sentido, não faz sentido para o BCB antecipar decisões futuras.
Por outro lado, na nossa avaliação, o teor do comunicado não excluiu a possibilidade de que a SELIC seja reduzida na reunião de agosto, como muitos analistas sugeriram. Dois pontos são particularmente importantes neste sentido. Primeiro, a retirada da frase indicando que, se necessário, o Comitê poderia voltar a aumentar a taxa de juros no futuro e, segundo, a retirada do cenário alternativo que indicava que, para levar a inflação para a meta seria necessário manter a taxa de juros constante pelo menos até 2024.
Nossa avaliação é que estas decisões indicam que o próximo movimento do COPOM deverá ser de redução da SELIC. As perguntas agora são: quando, com que velocidade e qual o limite inferior do ciclo. Neste sentido, ainda que nossa avaliação seja que a primeira redução será na reunião de setembro, iniciar o processo na próxima reunião não está fora do cenário. Ao contrário de alguns analistas, não acreditamos que a Ata a ser divulgada na próxima terça feira, irá resolver estas dúvidas.