Os investimentos em carteira no mercado doméstico tiveram ingressos líquidos de US$ 3,2 bilhões em outubro em vista do distensionamento das relações comerciais com os EUA e do aumento no diferencial de juros após o banco central norte americano (Federal Reserve) ter promovido mais um corte de juros em outubro. Isso, somado a uma melhora nos termos de troca, beneficiou diretamente o real brasileiro frente às demais moedas.
Apesar das contas externas brasileiras terem apresentado uma melhora não desprezível no curto prazo com a diferença entre o Investimento Direto no País (IDP) e o déficit em transações correntes tendo retornado ao terreno positivo, a situação ainda demanda atenção em vista do nível elevado deste último (3,5% do PIB).
A situação das contas externas pode voltar a piorar ao longo de 2026 caso os novos impulsos de demanda já contratados (consignado CLT e isenção de IRPF até R$ 5 mil) venham a interromper o arrefecimento da atividade econômica.
Em relação as tendências de longo prazo da conta corrente, os casos da balança comercial e da balança de serviços se destacam. Enquanto a primeira deve seguir superavitária nos próximos anos na esteira do aumento considerável da produção de petróleo em território nacional, a segunda deve continuar apresentando déficits expressivos mesmo num cenário de desaceleração da atividade econômica. Com o advento da inteligência artificial e a ampliação que é esperada para o seu uso, as despesas com esse tipo de serviço devem aumentar ainda mais no futuro.
Esse ponto reforça a necessidade da implementação de alguma política pública que vise estimular a exportação de serviços para mitigar o aumento do déficit dessa balança, que historicamente sempre faz a economia brasileira se deparar com essa restrição externa em momentos de atividade aquecida.
