O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve anunciar nesta quarta-feira (7) um novo aumento na taxa Selic, elevando os juros em 0,50 ponto percentual, para 14,75% ao ano. A decisão reflete a deterioração recente da dinâmica inflacionária e a persistente desancoragem das expectativas de inflação, mesmo após sucessivos ajustes da política monetária. Segundo projeções, o modelo do Banco Central indica uma queda na inflação esperada de 3,9% para 3,6%, influenciada pela valorização do real, recuo nas expectativas para os próximos 12 meses e a mudança do horizonte relevante da política monetária que saiu do 3T26 para o 4T26.
As simulações indicam que o hiato do produto – a diferença entre o crescimento efetivo da economia e seu potencial – estaria mais bem representado por um valor próximo de 1,0%, embora a estimativa pontual ainda esteja em 2,0%. A expectativa é de revisões altistas desse hiato nas próximas reuniões, em razão da incorporação de medidas fiscais e estímulos implementados recentemente pelo governo. Em meio a esses dados, o BC tende a avançar com sua política contracionista, embora de forma mais cautelosa diante de sinais iniciais de desaceleração no crédito e na atividade econômica fora do setor agropecuário.
Para a reunião de junho, espera-se que o Banco Central faça um último ajuste na Selic, com aumento de 0,25 ponto percentual, encerrando o atual ciclo de alta com a taxa em 15,0% ao ano. Essa visão está baseada na resiliência da economia no primeiro semestre, inflação pressionada por componentes ligados à demanda agregada e um mercado de trabalho ainda aquecido. A autoridade monetária deve, portanto, manter uma postura firme em relação às expectativas de inflação, reforçando que o fim do forward guidance (orientação prévia sobre a trajetória dos juros) não implica necessariamente no fim dos aumentos.