Os dados de inflação divulgados ontem no Brasil serão, certamente, insumos importantes na decisão do Copom quanto à taxa básica de juros da economia brasileira na reunião de hoje. O IPCA mostrou variação de 0,28% no mês de novembro, em relação a outubro, um pouco abaixo da mediana das expectativas que apontavam para uma variação de 0,29% no mês. Em doze meses, o IPCA variou 4,68%, abaixo do limite superior da meta para a inflação de 2023 (4,75%).
A composição do índice também veio positiva, em especial, a média móvel trimestral dessazonalizada e anualizada da média dos núcleos atingiu 3,25%, mostrando que, na margem, os núcleos para a inflação atingiram a meta de 2023. Este comportamento benigno do IPCA, é um dos principais argumentos para que o Banco Central acelere a queda da SELIC na reunião de hoje do Copom.
Entretanto, alguns fatores apontam na direção contrária. A inflação de serviços continua relativamente elevada, 0,70% no mês e 6,05% no ano, as expectativas para a inflação em horizontes mais longos continuam desancoradas, 3,5% ao ano, e existe uma grande incerteza quanto ao grau de expansionismo da política fiscal em 2024. Em especial, persiste uma grande dúvida em relação à capacidade do governo de aprovar no congresso as propostas de aumento de carga tributária indispensáveis para gerar as receitas necessárias para atingir equilíbrio fiscal em 2024.
Nossa avaliação é que, apesar do comportamento benigno da taxa de inflação, a combinação de incertezas quanto ao cenário fiscal em 2024, rigidez relativa da inflação de serviços e o fato de que o Índice de Preços ao Consumidor nos Estados Unidos (CPI) veio um pouco pior que o esperado, aumentando a probabilidade de taxa de juros mais elevadas por mais tempo, deverão fazer com que o Banco Central adote uma postura conservadora, mantendo a redução em 0,5 pontos de porcentagem na reunião de hoje.