Economia

Publicado em 02 de Agosto às 21:32:51

Copom opta por corte de maior magnitude e reduz Selic em 0,50 p.p.

Após o mercado ter se posicionado de forma bem dividida entre um corte de 25 e um de 50 pontos-base, a decisão do Copom, que se deu por 5 votos a 4, expressou bem essa cisão. O placar apertado mostrou a autonomia dos diretores para decidirem os seus votos, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dando o voto de desempate. O voto dele veio no mesmo grupo (de corte de 0,50 p.p.) dos dois diretores indicados recentemente pelo governo. Com o corte da Selic em 0,50 p.p., a taxa agora se situa em 13,25% ao ano.

Vale destacar que havia argumentos tanto para um corte de 25 como para um corte de 50 pontos-base. Para o primeiro, havia o fato de que, para manter a consistência com a comunicação da reunião anterior, quando o comunicado citou o início de um “processo parcimonioso” de queda de juros, o corte agora em agosto teria que ser de 25 pontos-base. Além disso, a inflação acumulada em doze meses, como reconhecido pelos próprios membros do Copom, vai voltar a acelerar nesse segundo semestre. Já para o segundo, contribuía para isso o fato de a inflação em doze meses já ter se reduzido consideravelmente em relação ao pico alcançado em meados do ano passado, e uma maior ancoragem das expectativas de inflação após a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de manter a meta de inflação em 3,0% até 2026.

Num dos trechos mais importes do comunicado, “os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”. O risco de começar o ciclo de afrouxamento monetário com um corte de 50 ao invés de 25 pontos-base é o Banco Central ter que conter a ânsia do mercado por cortes de maior magnitude, o que causaria uma melhora das condições financeiras além do desejado pela autoridade monetária. O mercado já projeta uma Selic de 11,50% ao final de 2023, o que significa que os analistas veem um corte de 75 pontos-base ocorrendo numa das próximas três reuniões. Apesar dessa precificação por parte do mercado, o Banco Central tentou passar a mensagem de um corte “hawkish” de 50 pontos-base.

Por fim, a estratégia do Comitê de se comprometer com cortes dessa mesma magnitude (50 pontos-base) nas próximas reuniões pode ter o intuito adicional de fornecer uma trajetória previsível de cortes que permita a taxa Selic se acomodar num novo patamar em meados de 2024 que diminua a alta taxa de juro real que se tem no Brasil no momento. Com a Selic alcançando um patamar próximo de 10,00% por volta do 3º trimestre de 2024, isso permitiria uma queda expressiva do juro real, ao mesmo tempo em que manteria o juro nominal acima do patamar neutro.

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