Os dados da economia americana divulgados ontem mostraram um mercado de trabalho menos forte e a confiança do consumidor mais fraca que o esperado. Segundo o relatório JOLTS, foram criadas 8,8 milhões de vagas de trabalho na economia americana no mês de agosto, contra expectativas de criação de 9,4 milhões de vagas por parte dos analistas. Da mesma forma, o índice de confiança dos consumidores atingiu 106 pontos, contra expectativas de 116 pontos dos analistas.
Com isto, a plataforma de monitoramento do CME Group mostrou forte redução da probabilidade de que o Federal Reserve aumente a taxa de juros ainda este ano. A probabilidade de aumento de 0,25 pontos de porcentagem passou de 47,3% para 39,5% e a de aumento de 0,5 p.p. caiu de 10,3% para 5,6%, logo após a divulgação dos dados.
Com a redução da probabilidade de novos aumentos de juros por parte do Federal Reserve, os preços dos ativos financeiros nos Estados Unidos e no Brasil reagiram positivamente. Nos Estados Unidos, os juros dos Treasuries caíram enquanto o Dólar perdeu valor frente a seus pares. No Brasil, o BOVESPA ultrapassou os 118 mil pontos, o Real mostrou forte valorização e os juros dos títulos longos caíram significativamente. Ainda que positivos estes efeitos são limitados pela percepção por parte dos investidores de que dificilmente o governo será capaz de cumprir a meta de déficit zero em 2024 e que os projetos de tributação sobre os fundos exclusivos e offshore divulgados ontem não serão capazes de gerar os recursos necessários para atingir este objetivo. Diante desta dificuldade, circulou ontem pelo mercado a notícia, negada pelo Ministro da Fazenda, de que parte do governo (entre eles as ministras do Planejamento e da Gestão) está tentando mudar a meta de equilíbrio fiscal em 2024 para uma meta de déficit entre -0,5% e -0,75% do PIB. O que seria bastante negativo para as expectativas.