Ontem, foi divulgado o PIB do terceiro trimestre de 2025, confirmando a continuidade do processo de arrefecimento da economia brasileira. A atividade avançou 0,1% no período, desacelerando em relação ao segundo trimestre (0,3%) e vindo abaixo da expectativa de mercado (0,2%, Broadcast+).

Apesar do resultado muito próximo da estabilidade, a economia segue em trajetória de expansão desde o início do ano, renovando o maior patamar da série histórica. O desempenho, porém, é bastante desigual entre os componentes. De um lado, setores menos sensíveis à política monetária — como agropecuária e indústria extrativa — mostraram resultados mais favoráveis. De outro, segmentos mais ligados ao consumo e ao crédito, como a indústria de transformação, evidenciaram maior perda de fôlego, refletindo o ambiente macroeconômico mais desafiador.

Na nossa avaliação, os números seguem alinhados à leitura de arrefecimento gradual da atividade. No entanto, as revisões das séries dos trimestres anteriores levaram a uma leve alta na projeção de crescimento para 2025, de 2,2% para 2,3%. Importa destacar que essa revisão altista vem acompanhada de uma composição menos benigna: a expansão deve ser puxada, sobretudo, por setores menos cíclicos (agropecuária e indústria extrativa), enquanto os segmentos mais afetados pela política monetária tendem a apresentar desempenho mais fraco.

De forma preliminar, nossos modelos apontam para um crescimento de 0,1% t/t no último trimestre do ano. Diante dos sinais de perda de dinamismo da demanda agregada, que favorecem a continuidade do processo de desinflação, aumentam as chances de o Banco Central antecipar o início do ciclo de cortes de juros para a primeira reunião de 2026.