A reunião do Copom no final do mês confirmou a expectativa do mercado ao manter a taxa Selic em 15,0% a.a., encerrando o ciclo de alta de juros iniciado em set/24, atingindo o maior nível desde jun/06 (15,25% a.a.). Apesar do comunicado ter vindo sem grandes alterações, avaliamos que o BC acertou tanto na decisão da política monetária em si quanto na manutenção de um tom ainda duro no que diz respeito ao seu compromisso ao combate à inflação, mesmo diante dos sinais incipientes de desaceleração da economia capturados em indicadores setoriais e do aumento das incertezas.
Em relação ao cenário externo, avaliamos que o Comitê acertou em não incluir potenciais impactos do aumento das tensões comerciais entre o Brasil e os EUA no seu balanço de riscos, preferindo apenas sinalizar uma elevação da incerteza, demandando maior atenção e cautela. O BC prevê que dada a dinâmica adversa da inflação, a política monetária deve permanecer por bastante tempo no patamar atual, antevendo que a taxa permanecerá em 15% caso não haja grandes surpresas no cenário. Nesse ponto o BC sinaliza que a barra para alterar a taxa Selic do atual patamar está significativamente elevada, sendo um importante fator de ancoragem para reduzir a volatilidade na curva de juros.
Os dados da PNAD contínua referente ao trimestre móvel encerrado em junho seguiram apontando para uma forte robustez do mercado de trabalho, corroborando a decisão do BC. A taxa de desemprego registrada no trimestre móvel encerrado em junho de 2025 foi de 5,8% da força de trabalho, vindo no piso das estimativas de mercado (5,8%, Broadcast+) e melhor do que a nossa projeção para o mês de 6,0%.
Com este resultado, a taxa de desemprego renova o nível mais baixo já registrado em sua série histórica, rompendo a marca de 6,0% pela primeira vez, corroborando a nossa perspectiva de que o mercado de trabalho seguirá resiliente em 2025 mesmo diante de uma política monetária significativamente contracionista. Diante da surpresa com o número de junho, alteramos a nossa projeção para a taxa de desemprego média do ano de 6,8% para 6,7% da força de trabalho, refletindo a expectativa de que a taxa de desemprego encerre o ano de 6,0% da força de trabalho.
Dessa forma, avaliamos que o comunica veio em linha com a nossa expectativa de que a taxa Selic deve permanecer em 15,0% a.a. até o final de 2025. Assim, o comunicado veio em linha com nossa expectativa de que a Selic seguirá em 15,0% a.a. até o fim de 2025. Para 2026, projetamos o início da flexibilização no final do 1T, mas as medidas de estímulo à demanda em vigor ou previstas elevam o risco de adiamento. Por ora, mantemos a projeção de Selic em 13,75% a.a. ao fim do próximo ano.