Ontem, tivemos a divulgação da pesquisa mensal do comércio do IBGE referente ao mês de abril, cujos dados de volume de vendas no mês corroboram a expectativa de que a economia brasileira a partir do segundo trimestre deve apresentar uma trajetória de gradual desaceleração, refletindo os efeitos da política monetária contracionista.

De acordo com a pesquisa, o volume de vendas no setor varejista registrou contração de 0,4% m/m no mês, vindo um pouco melhor do que o esperado pelo mercado (-0,7% m/m, Broadcast+). Com este resultado, o setor varejista interrompeu uma sequência de 3 altas consecutivas, período no qual o volume de vendas do setor atingiu o nível mais elevado da sua série histórica.

Além do fato do setor ainda se encontrar muito próximo do nível mais elevado da sua série histórica, fazendo com que o efeito base bastante elevado contribua para dificultar novos avanços, cabe destacar que o recuo no mês não foi disseminado entre as atividades pesquisadas, sugerindo que o setor ainda se mostra resiliente por mais que o cenário macroeconômico se encontre adverso.

Em suma, entendemos que o resultado de abril ainda aponta para a resiliência da atividade varejista neste início de ano, porém, diferentemente do ano passado, o dado sugere que há um processo de arrefecimento da economia em curso, que deve fazer com que os investidores não sejam surpreendidos com um crescimento muito maior do que o antecipado. Nesse sentido, avaliamos que a leitura de abril corrobora a nossa expectativa de crescimento para a economia brasileira de 2,4% em 2025, além de ir ao encontro da perspectiva de que o BC encerre o ciclo de alta de juros em 14,75% a.a. na reunião do Copom na próxima semana.