Se por um lado o Livro Bege (relatório sobre a situação econômica dos Estados Unidos) mostrou algum esfriamento no mercado de trabalho, pouco ou nenhum crescimento econômico e redução da atividade industrial, por outro os dados mais fortes vindos das vendas no varejo e da produção industrial justificam a cautela do Banco Central norte-americano (Fed) expressa recentemente na fala do diretor Christopher J. Waller.
As vendas no varejo registraram alta de 0,6% m/m em dezembro, vindo levemente acima das estimativas de avanço de 0,4% m/m, alcançando US$ 709,9 bilhões. Na métrica anual, a alta foi de 5,6% a/a. Mesmo desconsiderando os automóveis, o varejo norte-americano apresentou alta de 0,4% m/m.
A produção industrial também surpreendeu para cima ao avançar 0,1% m/m em dezembro, contrariando as expectativas de queda de 0,1% m/m. Já na comparação anual, a alta foi de 1,0% a/a.
O Livro Bege, por sua vez, ao coletar as opiniões a respeito das condições econômicas atuais de diretores de bancos e agências, empresas, economistas, especialistas de mercado e outras fontes, mostrou um mercado de trabalho mais equilibrado, com um leve aumento do emprego e expectativas de arrefecimento dos preços e desaceleração dos salários em 2024. Em relação a política monetária, as perspectivas de cortes nos juros apareceram como uma fonte de otimismo.
Apesar disso, os investidores seguem corrigindo as suas apostas para o início do ciclo de corte de juros, com a probabilidade de o seu começo se dar no mês de março continuando a cair. Nesse sentido, a fala do diretor do Fed e os dados mais fortes das vendas no varejo e da produção industrial parecem ter se sobrepujado ao quadro mais benéfico trazido pelo Livro Bege.