Em junho, o índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI) veio em linha com o esperado pelo mercado (0,3% m/m, Bloomberg), registrando alta de 0,29% m/m, levemente acima da nossa projeção de 0,25% m/m. Apesar disso, a inflação acumulada em doze meses apresentou uma aceleração considerável na passagem de maio para junho, saindo de 2,35% a/a para 2,67% a/a, surpreendendo tanto as estimativas do mercado (2,6% a/a) como a nossa (2,63% a/a).
No que diz respeito ao núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia), a variação mensal de junho veio abaixo do esperado (0,3% m/m, Bloomberg), mas em linha com a nossa projeção (0,22% m/m), avançando 0,23% m/m. Já na métrica em doze meses, o núcleo da inflação não apresentou surpresas, saindo de 2,79% a/a para 2,93% a/a, indo ao encontro do esperado pelo mercado (2,9% a/a, Bloomberg) e por nós (2,90% a/a).
A surpresa baixista foi puxada principalmente pelos veículos novos (-0,3% m/m, ante -0,3% m/m) e pelos carros e caminhões usados (-0,7% m/m, ante -0,5% m/m), que aprofundaram a deflação mesmo na vigência de tarifas de importação de 25% sobre os automóveis importados.
Em relação ao Índice de Preços ao Produtor (PPI) de junho a ser divulgado nessa quarta-feira (16/07), esperamos uma variação de 0,31% m/m e 2,56% a/a para o PPI cheio e de 0,24% m/m e 2,72% a/a para o núcleo. Essa similaridade dos números do PPI em relação ao CPI de junho deve ocorrer por conta de o maior impacto das tarifas de importação nos preços ainda não ter ocorrido. É esperado que esse processo se inicie até o término do verão no hemisfério norte (setembro), o que deve gerar, num primeiro momento, leituras do PPI maiores que do CPI, dado que os insumos são os mais vulneráveis às tarifas e os primeiros a serem impactados, além do fato de que o repasse para o nível do consumidor não deve ser integral.