Após um longo período de desaceleração, a taxa de inflação no Brasil começa a dar sinais, ainda tênues, de retomada. O índice de preços ao consumidor encadeado, IPCA-15 e IPCA, mostra uma tendência ao crescimento deste novembro de 2023, na margem. A média móvel trimestral dessazonalizada e anualizada passou de um nível próximo a 3,5% para 6,5% ao ano, neste período. Parte desta aceleração da taxa de inflação na margem decorre de aumentos dos preços dos alimentos, devido ao fenômeno do El Niño. Mas parte se deve à aceleração da inflação de serviços, inclusive de serviços subjacentes.
Além da aceleração recente da taxa de inflação, a economia tem se mostrado bastante resiliente, com forte comportamento das vendas no varejo e do setor de serviços em janeiro, após um segundo semestre d 2023 fraco, apesar da política monetária contracionista. A questão é se, diante deste cenário, o Banco Central vai persistir na trajetória de corte de 0,5 pontos de porcentagem na taxa de juros e como e se o comunicado da reunião da próxima quarta feira vai dar algum sinal de preocupação.
Muitos analistas têm indicado a necessidade de que, devido à proximidade do final do ciclo, o Copom retire do comunicado o plural do forward guidance. Nossa avaliação é que realmente o comunicado deveria dar algum sinal de preocupação com a evolução da inflação e com a proximidade do final do ciclo. O ideal, a nosso ver, seria retirar a expressão “de mesma magnitude” do forward guidance. Isto daria ao BCB um maior grau de liberdade para as decisões futuras do Comitê.