Economia

Publicado em 13 de Janeiro às 17:33:52

De olho na economia

Ontem, o relatório Focus mostrou que a mediana da expectativa de inflação dos agentes de mercado registrou alta novamente para quase todos os anos. Para os anos de 2025 e 2026 essa alta foi modesta, mas já para 2028 a alta é significativa quando se considera a volatilidade histórica dessas projeções longas. No focus de ontem, a mediana para 2028 passou de 3,50% para 3,56%. Para este horizonte tão longo, apenas o sinal da mudança já carrega muita informação. Em geral, estão intimamente relacionadas pioras estruturais e não apenas conjunturais.

As expectativas de inflação para 2028 já estavam, até semana passada, em 3,50%, acima do centro da meta de inflação (3,0%). Essa diferença de 0,5% acima da meta esteve presente nas expectativas longas desde o segundo trimestre de 2024, sem muita oscilação. Diferentemente da média, a mediana não é tão afetada por valores extraordinários vindo uma única instituição. Isso quer dizer que, das (mais de) 100 instituições que preenchem o relatório semanalmente, uma quantidade considerável subiu suas projeções de longo prazo de forma a mover a mediana da distribuição para a direita.

Expectativas de inflação ancoradas facilitam o canal de atuação da política monetária, tornando o processo desinflacionário mais fácil e parcimonioso. Nesse contexto, desancoragens longas trazem grande preocupação para a autoridade monetária. Em nossa avaliação, o Banco Central tem seu papel na perca de credibilidade atual, mas em grande parte ela é causada pela política fiscal. Com uma dívida crescendo de forma insustentável, torna-se cada vez mais difícil de se imaginar a tal trajetória sem um descontrole inflacionário simultâneo. Até quando a política fiscal vai seguir dificultando o trabalho do Banco Central?

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