Apesar do Comitê de Política Monetária (MPC) do Banco da Inglaterra (BoE) ter optado por manter os juros estáveis em 5,25% a.a. na reunião de fevereiro conforme apontava o consenso de mercado, essa decisão passou longe de ser unânime. Dentre os nove membros que compõe o Comitê, seis votaram pela estabilidade, dois por uma alta adicional de 0,25 p.p. e um pelo início do corte de juros.
A despeito dessa divisão entre os membros, o comunicado retirou o trecho que fazia menção a necessidade de altas de juros adicionais, além de colocar “sob revisão” o período de tempo em que a taxa básica de juros deverá permanecer estável no atual patamar de 5,25% a.a.
Assim como o Banco Central norte-americano (Fed), esses trechos mais “dovish” elencados pelo Banco Central inglês, vieram acompanhados de uma ressalva de que não seria apropriado começar o processo de redução de juros até que os seus membros tenham acumulado mais confiança que a inflação tenha entrado numa trajetória consistente com a meta de 2,0%. O BoE relatou que espera que a inflação no Reino Unido retorne “temporariamente” à meta no segundo trimestre desse ano, mas que isso não configura evidência suficiente para cortar os juros.
A comunicação adotada pelo BoE foi relativamente mais cautelosa do que a dos pares em relação as discussões envolvendo o início do ciclo de queda de juros pelo fato de tanto o Fed como o Banco Central Europeu (BCE) já terem em mãos indicativos mais contundentes do processo de desinflação do que o Banco Central inglês.
A inflação no Reino Unido, que vinha se mostrando mais persistente do que em outros países do continente, passou a convergir para o nível dos seus pares europeus. A despeito disso, a ocorrência da guerra da Ucrânia, junto com a escassez de mão-de-obra vinda do continente devido a saída do país da União Europeia (Brexit) ainda se apresentaram como fatores de risco para o processo de desinflação.