Como esperado, o Banco Central do Brasil reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira em 0,5 pontos de porcentagem, na reunião do Copom realizada ontem. A decisão foi unânime. O comunicado que se seguiu à reunião, também veio de acordo com as expectativas, reforçando a proposta de que reduções de juros de mesma magnitude deverão ocorrer nas próximas reuniões, o que, reduz a probabilidade de reduções de maior magnitude no futuro próximo, ainda que, a nosso ver, não elimina totalmente esta possibilidade.
No comunicado, a novidade foi a introdução de um parágrafo no qual o Banco Central diz explicitamente que perseguir as metas de superavit primário do arcabouço fiscal é fundamental para manter a trajetória de queda da taxa de juros no futuro próximo. Colocar esta observação em um parágrafo isolado e não no contexto do balanço de riscos mostra a importância dada pela autoridade monetária às metas fiscais. Neste sentido, a Ata deverá indicar se houve resistência da parte de algum diretor à introdução deste parágrafo no comunicado.
Também como esperado o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, manteve a taxa básica de juros do país estável na reunião do Fomc de ontem. Entretanto, ao contrário do banco central brasileiro, o comunicado e o discurso do presidente da instituição que se seguiu a reunião foram bastante mais duros que o esperado, indicando que a interrupção dos aumentos de juros não significa necessariamente o fim do processo de aperto da política monetária, e que a economia americana e a taxa de inflação continuam bastante resilientes e novos aumentos poderão ser necessários para levar a inflação para a meta. Além disso, 12 diretores de Federal Reserve indicaram que a taxa de juros deverá fechar 2023 acima do nível atual, ou seja, antecipando um possível aumento na reunião de novembro.