Decisões dentro do esperado de taxas de juros nos Estados Unidos e no Brasil e dados mostrando um mercado de trabalho menos apertado nos Estados Unidos, dominaram o cenário no mercado financeiro na semana passada. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve, banco central americano, manteve a taxa básica de juros da economia do país constante, entre 5,25% ao ano e 5,50% ao ano, pela segunda reunião consecutiva. Ao mesmo tempo, tanto o comunicado que se seguiu à decisão quanto o teor do discurso do Presidente da instituição apontaram para a probabilidade de que o processo de aumento das taxas de juros tenha atingido seu ponto mais elevado.
Por outro lado, na sexta feira, os dados do mercado de trabalho americano vieram bem mais fracos que o esperado pelos analistas, com a geração de 150 mil postos de trabalho quando as expectativas apontavam para a geração de 183 ml postos de trabalho e aumento da taxa de desemprego na economia para 3,9% da força de trabalho, quando as expectativas apontavam para 3,8%. Da mesma forma, os salários mostraram crescimento de 0,21% no mês (expectativas de 0,3%) e 4,1% em termos anuais (expectativas de 4,0%). O que reforça a expectativa de que o ciclo de aumento das taxas de juros tenha chegado ao fim.
No Brasil, o Copom decidiu reduzir a taxa SELIC em 0,5 pontos de porcentagem, como era esperado pela unanimidade dos investidores e manteve o tom relativamente duro do comunicado, dando especial ênfase ao cenário internacional, em especial, ao aumento das taxas de juros dos títulos mais longos dos Estados Unidos e mantendo a afirmação da importância da “persecução das metas fiscais” para a condução da política monetária.
Com isto, os preços dos ativos mostraram comportamento bastante positivo, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, com queda das taxas de juros, valorização do Real e aumento dos preços das ações.
Entretanto, o ruído causado pelas declarações do Presidente Lula da Silva de que não deverá cumprir as metas fiscais e que ter um déficit de – 0,25% ou – 0,5% do PIB não tem qualquer problema, continuou a incomodar os investidores que agora avaliam qual será o tamanho do déficit do próximo ano. Com isto, já começaram a aumentar suas expectativas quanto ao valor final da SELIC no atual ciclo de queda, que saiu de 9,0% ao ano para 9,25% ao ano.