Após meses atacando o Banco Central, o Presidente Lula da Silva decidiu na semana passada atacar o arcabouço fiscal proposto pelo seu Ministro da Fazenda e aprovado pelo Congresso. Segundo a proposta do próprio governo, a meta é atingir deficit fiscal zero em 2024. Para tal, seria necessário a aprovação, por parte do Congresso, de um conjunto de medidas de aumento de carga tributária em 2023, indispensáveis para financiar os aumentos de gastos programados pelo governo.
Na sexta feira passada, o Presidente Lula da Silva não apenas reconheceu que será extremamente difícil atingir este objetivo, assim como sinalizou que não está disposto a fazer os cortes de despesas necessários caso objetivo esteja em risco. Segundo ele, se o déficit for – 0,25% ou – 0,5% do PIB não tem qualquer problema. A declaração caiu como uma bomba entre os investidores. Se o próprio presidente não acredita na importância da meta por ele mesmo proposta, porque os legisladores iriam se indispor com a sociedade aprovando aumento de impostos? O pior é que esta declaração foi feita exatamente na semana em que o Congresso estava retomando as discussões para a aprovação das propostas enviadas pelo Ministro da Fazenda, após meses de paralização das votações no Congresso.
Fica a pergunta: qual o objetivo do Presidente Lula da Silva ao atacar seu Ministro da Fazenda? A primeira avaliação por parte dos investidores é que, com esta declaração, sinaliza uma mudança de posição do Presidente com enfraquecimento do Ministro da Fazenda e fortalecimento da ala do Partido dos Trabalhadores que defende o abandono da meta. A reação foi imediata: desvalorização do Real frente ao Dólar, aumento das taxas de juros e queda dos preços das ações.