O mercado de câmbio brasileiro continua estressado. As críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Banco Central e à política monetária, a sucessivas afirmações de que a nova diretoria a ser nomeada por ele adotará uma política monetária diferente, além do fato de que aumentaram as dúvidas em relação à sustentabilidade intertemporal do arcabouço fiscal, principalmente depois da devolução das Medidas Provisórias 1202 e 1227, e os aumentos de gastos acima do aumento das receitas no primeiro semestre de 2024, estão na origem deste comportamento do Real.
O governo parece totalmente perdido, indicando a incapacidade de adotar medidas capazes de conter o desequilíbrio fiscal e a desvalorização da moeda. Apesar da forte deterioração do cenário, a equipe econômica parece totalmente fora do ar. Até o momento, a única “decisão” foi a convocação de reunião entre o Presidente da República e o Ministro da Fazenda para discutir o que fazer.
No final do dia rumores circularam no mercado financeiro de que o Banco Central teria feito consultas aos investidores sobre a possibilidade de intervenção no mercado de câmbio, o que reverteu a desvalorização do Real que fechou perto da estabilidade. Entretanto, sem medidas capazes de reverter a percepção de insustentabilidade do arcabouço fiscal, o que exige corte de gastos e contingenciamentos de despesas, esta reversão não parece sustentável.