Os sinais de superaquecimento da economia brasileira começam a preocupar. De um lado, o mercado de trabalho continua forte, com a menor taxa de desemprego da série histórica e crescimento dos salários acima da produtividade. A taxa de inflação de serviços, na margem, está crescendo próximos a 6,0% ao ano, acima do compatível com a meta de 3,0% ao ano.
Entretanto, o mais preocupante é o comportamento do déficit em conta corrente do balanço de pagamentos do Brasil. Os dados mostram que entre 2023 e 2025, o déficit em conta corrente passou de próximo a 1,5% do PIB para 3,5% do PIB. Ao mesmo tempo, a entrada de capital via investimento direto estrangeiro de longo prazo, apresenta leve desaceleração, sendo hoje incapaz de financiar o déficit em conta corrente. Nos últimos meses, o déficit tem sido financiado via investimento de curto prazo.
Esta questão é particularmente preocupante devido à decisão do Presidente Trump de sancionar sete Ministros do Supremo Tribunal Federal com a cassação de seus vistos de entrada nos Estados Unidos, e sancionar o Ministro Alexandre de Moraes com a Lei Magnitsky. Ao mesmo tempo, existe a possiblidade de que novos Ministros sejam sancionados.
Neste contexto, o risco de aumento da percepção de risco da economia brasileira e fuga de capitais tanto de longo prazo, mas principalmente de curto prazo, investimentos diretos estrangeiros, principalmente americanos, pode ser um importante “gatilho” que geraria forte desvalorização do Real frente ao Dólar, pressão inflacionária e recessão.