O setor público consolidado (governo central, governos regionais e empresas estatais) apresentou déficit primário de R$ 18,1 bilhões, pior do que as expectativas de superávit de R$ 9,6 bilhões. Tal diferença está relacionada com a diferença de metodologia entre Tesouro Nacional e Banco Central sobre os valores de PIS/PASEP. Nesse sentido, o Tesouro considerou o volume de R$ 26 bilhões como receita primária, enquanto o Banco Central considerou como uma reclassificação de ativos, ou seja, tal valor não foi contabilizado no resultado primário.
Ademais, os gastos com juros totalizaram R$ 699,7 bilhões, cerca de 6,6% do PIB, nos últimos 12 meses. A dívida bruta do governo geral (DBGG) avançou para 74,4% do PIB, apresentando estabilidade em relação ao mês anterior.
Por fim, este resultado em conjunto com as discussões sobre a possibilidade da mudança de resultado primário para 2024 reforça o cenário de deterioração das contas públicas. Nesse sentido, tal mudança afetaria a credibilidade do governo no que diz respeito à agenda de ajuste fiscal e tornaria o ajuste ainda mais dependente do aumento de arrecadação. Além disso, vale destacar que a agenda de receitas vinda da renegociação de débitos tributários e redução das deduções de tributos federais vem apresentando resultados aquém do esperado. Pelo lado das despesas, avaliamos que a expansão dos gastos decorrentes da aprovação da PEC de Transição tem se mostrado um importante vetor de pressão sobre as contas públicas ao longo do ano, principalmente diante da expansão das políticas de transferência de renda.