Nas últimas semanas, os investidores se viram diante de notícias de bastidores de Brasília de que o Presidente Lula estaria interferindo na escolha do novo CEO da Vale. Segundo as notícias veiculadas pela imprensa, o objetivo do Presidente seria colocar no cargo o ex-Ministro da Fazenda Guido Mantega. A reação dos investidores foi bastante negativa, com queda dos preços das ações da empresa na bolsa de valores e várias declarações “em off”, condenando a atitude do Presidente.
A Vale é uma empresa privada, sem participação direta do governo, mas com participação de fundos de pensão de empresas estatais, em especial, da PREVI, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. A interferência do governo na escolha do CEO da empresa é algo totalmente inusitado. Mostra, no mínimo, que o Presidente Lula (e seu partido, o PT) ainda não se conformou com a privatização da empresa e, ainda mais importante, que não entendeu as principais regras de uma economia de mercado.
Após a repercussão negativa e a rejeição da tentativa de interferência por parte do Conselho de Administração da empresa, o governo anunciou que irá cobrar R$ 25,7 bilhões pela renovação de concessões de ferrovias realizadas no governo de Jair Bolsonaro. Muitos investidores viram esta cobrança como uma penalidade à empresa, por não aceitar a interferência do Presidente, o que torna o ambiente ainda mais negativo.
Decisões deste tipo são uma das razões da queda da taxa de investimentos de 19,6% do PIB para 16,3% do PIB entre o último trimestre de 2022 e o terceiro trimestre de 2023 e da redução de mais de 40% do volume de investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira em 2023.
A propósito, a empresa do setor de energia elétrica AES acaba de anunciar a venda de seus ativos e o fim de sua atuação no Brasil. Mais uma!