O IBGE divulgou ontem o IPCA do mês de agosto, que atingiu 0,23% no mês e 4,61% em doze meses. O índice veio um pouco abaixo das expectativas dos analistas que apontavam para uma inflação de 0,28% no mês. O índice teve pontos positivos e negativos. Os principais pontos positivos foram a desaceleração da inflação de serviços, que saiu de 0,25% em julho para 0,08% em agosto e de serviços subjacentes, que saiu de 0,20% em julho para 0,14% em agosto. Em doze meses, a inflação de serviços desacelerou de 5,64% em julho para 5,43% em agosto e a de serviços subjacentes saiu de 6,10% em julho para 5,49% em agosto. Além da desaceleração da inflação de serviços, a queda dos preços dos alimentos é outro fator positivo no comportamento do IPCA de 2023.
Os pontos negativos do IPCA foram o aumento da difusão que passou de 46,15% para 53,05% dos preços e a média dos núcleos da inflação, que foi de 0,18% em julho para 0,28% em agosto.
A desaceleração da inflação de serviços foi uma das pré-condições elencadas pela diretoria do Banco Central na Ata da última reunião do Copom para acelerar a trajetória de queda da taxa de juros nas próximas reuniões. Entretanto, apesar da desaceleração no mês de agosto, a inflação de serviços permanece bem acima da meta para a inflação em 2024 e incompatível com as metas. Na ponta, ou seja, a média móvel trimestral dessazonalizada e anualizada da inflação de serviços, após um período de desaceleração entre abril e junho, está basicamente estabilizada nos últimos dois meses em nível próximo a 5,0% ao ano, ainda muito acima da meta de 3,0%. Nossa avaliação é que, ainda que o comportamento do IPCA de agosto tenha apontado na direção da aceleração da queda da SELIC, para que isto ocorra em 2023 será necessário que esta desaceleração volte a se intensificar nos próximos meses.