O setor público registrou um déficit de R$ 7,3 bi em setembro, vindo melhor do que o consenso de mercado que esperava um déficit de R$ 8,2 bi. Apesar do desempenho mais benigno do que o antecipado no mês, no acumulado em 12 meses, foi registrado um déficit de R$ 245,6 bi (2,15% do PIB), significativamente acima do limite inferior da meta de déficit zero (0,25% do PIB) do arcabouço fiscal. Os números de setembro seguem corroborando a nossa visão de que as surpresas positivas na arrecadação registradas nos últimos meses não estão sendo suficientes para compensar a forte expansão das despesas primárias no mesmo período.
A dívida bruta do governo geral, que engloba o Governo Federal, os Governos Regionais e o INSS, foi de 78,3% do PIB, de modo que, no ano, houve aumento de 3,8 p.p. do PIB, refletindo principalmente o pagamento de juros nominais da dívida, que tende a ser pressionado pela retomada do ciclo de aperto monetário por parte do BC.
Diante do descompasso entre as políticas monetária e fiscal, a taxa de juros deve permanecer em um patamar mais elevado e por um período mais prolongado, que deve contribuir para que a dívida pública brasileira não se estabilize. Nesse contexto, entendemos que a trajetória do endividamento público brasileiro seguirá exercendo o papel de protagonista na determinação das variáveis macroeconômicas.
Apesar da deterioração nos preços dos ativos domésticos, o governo segue adiando o anúncio do pacote de revisão de despesas, sinalizando que o debate ainda não está maduro o suficiente e reforça a percepção de que o Executivo segue subestimando o senso de urgência de um ajuste fiscal pelo lado das despesas.