Economia

Publicado em 09 de Dezembro às 18:09:27

Desancoragem das expectativas Focus é uma das piores do ano

Após a decepção dos investidores com o pacote fiscal anunciado pelo governo, as expectativas do mercado medidas pela Pesquisa Focus do banco central apresentaram uma das maiores desancoragens do ano.

A mediana do IPCA de 2024 saltou 13 pontos base (de 4,71% para 4,84%) e a de 2025 subiu 19 pontos base (de 4,40% para 4,59%), com ambas superando o limite superior do intervalo de metas (4,50%), enquanto a de 2026 também sofreu elevação de 19 pontos base (de 3,81% para 4,00%). Até o IPCA de 2027 registrou alta significativa (8 pontos base), saindo de 3,50% para 3,58%, o que só costuma ocorrer em momentos de grande estresse fiscal.

Outro fato importante foi que, concomitantemente a alta das expectativas de inflação, as expectativas do mercado para a taxa básica de juros (Selic) também se elevaram consideravelmente. Esse cenário, embora não caracterize o caso clássico de dominância fiscal, que demanda que a política monetária se torne passiva no combate à inflação, gera uma trajetória explosiva de inflação, juros e dívida pública.

Precificando uma alta de 75 pontos base pelo Copom na reunião dessa quarta-feira (11/12), a Selic no final de 2024 foi revista de 11,75% para 12,00% ao ano, embora reconheçamos que há um risco crescente de o banco central promover uma alta de 100 pontos base na reunião de dezembro e que esse seria o movimento mais correto a ser feito por parte da autoridade monetária. Além da revisão altista de 2024, as altas de 2025 (de 12,63% para 13,50%), 2026 (de 10,50% para 11,00%) e 2027 (de 9,50% para 10,00%) foram ainda mais significativas.

A despeito dessa desancoragem das principais variáveis macroeconômicas na esteira do anúncio de um pacote fiscal visto como insuficiente por parte do mercado, as expectativas para o crescimento do PIB continuam a ser revistas para cima por conta dos efeitos defasados dos sucessivos impulsos fiscais sobre a economia. A projeção de alta do PIB de 2024 passou de 3,22% para 3,39%, ao passo que a de 2025 saiu de 1,95% para 2,00%, com ambas se aproximando das nossas estimativas para os respectivos anos (3,4% e 2,4%).

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