Economia

Publicado em 03 de Junho às 17:17:28

Desempenho da indústria corrobora cenário de arrefecimento da economia

Ontem, tivemos a divulgação da pesquisa industrial mensal do IBGE referente ao mês de abril. A atividade industrial registrou uma leve expansão de 0,1% m/m, vindo pior do que o esperado pelo mercado (0,5% m/m, Broadcast+), sugerindo uma acomodação do desempenho da indústria após forte expansão em março.

O resultado em abril foi derivado da combinação entre mais uma alta da indústria extrativa mineral que deu continuidade à sequência de expansões observadas desde jan/25 com uma alta de 1,0% m/m. Com este resultado, o segmento acumulou alta de 7,5% nos últimos três meses, impulsionado pela maior extração de petróleo e minério de ferro, sendo o principal vetor de crescimento da indústria no ano.

Por sua vez, a indústria de transformação recuou 0,5% m/m, em um movimento de compensação da alta de 0,9% m/m de março, fazendo com que o segmento voltasse a operar próximo à estabilidade na média móvel trimestral. Os principais recuos foram registrados em segmentos que apresentaram fortes altas no mês imediatamente anterior, corroborando a avaliação que o resultado de abril reflete uma compensação da alta de março e sinaliza que de fato a atividade industrial deve apresentar uma performance mais modesta em função do cenário macroeconômico mais adverso.

De maneira geral, apesar da frustração com o desempenho próximo à estabilidade no mês de abril, avaliamos que o resultado da atividade industrial ainda aponta para uma certa resiliência do setor, mesmo diante de um cenário macroeconômico bastante adverso. Nesse sentido, entendemos que os números seguem corroborando um cenário de arrefecimento bastante gradual da economia brasileira ao longo do ano. Essa perspectiva é respaldada pelo desempenho ainda robusto de indicadores de crédito e de mercado de trabalho, que devem contribuir para sustentar a economia no curto prazo.

Entretanto, entendemos que o resultado da indústria para abril se soma à leitura ligeiramente mais fraca do PIB do primeiro trimestre e à composição mais benigna da última leitura de inflação, que, em conjunto, devem fazer com que o BC interrompa o ciclo de alta de juros em 14,75% a.a. Porém, entendemos que a desancoragem das expectativas de inflação para prazos mais diversos, assim como o patamar de componentes mais inerciais da inflação corrente incondizente com o cumprimento da meta, ainda demandam uma firme condução da política monetária, sendo um ajuste adicional de 25 bps o que deveria ser feito pelo BC.

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