O IBGE divulgou que a taxa de desemprego no trimestre móvel encerrado em julho de 2025 caiu para 5,6% da força de trabalho, o menor nível já registrado na série histórica. O resultado veio melhor que nossa projeção (5,7%) e em linha com o piso das estimativas de mercado. Na série com ajuste sazonal, o desemprego também recuou, de 5,8% para 5,7%, confirmando a resiliência do mercado de trabalho, mesmo em um ambiente de política monetária bastante restritiva.

Os demais indicadores também reforçam esse quadro. A taxa de ocupação avançou 0,1% m/m, atingindo o recorde de 102,4 milhões de trabalhadores, enquanto a população desocupada caiu 1,7% m/m, chegando a apenas 6,2 milhões de pessoas, o menor patamar histórico. Apesar da desaceleração já perceptível nos indicadores de atividade, o mercado de trabalho se mantém aquecido e deve continuar como um dos principais vetores de pressão inflacionária, sustentando a postura cautelosa do Banco Central em manter a Selic em 15% até o 1T26.

Nossos modelos indicam que a taxa de desemprego deve recuar ainda mais, chegando a 5,4% no próximo trimestre móvel, com a taxa média anual agora projetada em 6,0% (-0,1 p.p. em relação à estimativa anterior). Esse movimento reflete tanto a criação líquida de postos de trabalho quanto a saída gradual de pessoas da força de trabalho, fenômeno que pode ajudar a sustentar níveis historicamente baixos de desemprego ao longo dos próximos meses.

Por fim, os rendimentos também reforçam o cenário de aquecimento. O salário médio real subiu 1,3% no trimestre e 3,8% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 3.484. Já a massa de rendimentos avançou 5,4% a/a, atingindo R$ 352,3 bilhões, o maior valor já registrado na série. Esses resultados consolidam a percepção de que, apesar da desaceleração da atividade, o mercado de trabalho continua sólido, sustentando o consumo doméstico e ampliando os desafios para o controle da inflação.