A semana foi dominada pelas decisões dos Bancos Centrais dos Estados Unidos e do Brasil quanto às respectivas taxas básicas de juros. Nos Estados Unidos, o Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc) surpreendeu boa parte dos analistas do mercado financeiro ao iniciar o processo de redução dos Fed Funds em 0,5 pontos de porcentagem, quando a maioria esperava 0,25p.p.
Em discurso após a reunião, o Presidente da instituição, Jerome Powell tentou sinalizar aos investidores que, apesar de um início mais agressivo que o esperado, os investidores não devem esperar que esta “agressividade” irá persistir nas próximas decisões do Fomc.
No Brasil, o Copom decidiu aumentar a taxa de juros em 0,25 p.p. e emitiu um comunicado após a decisão bastante direto, no sentido de apontar que o cenário para a inflação no Brasil tem uma assimetria altista para a taxa de inflação. Segundo o documento, a resiliência da atividade econômica acima da esperada, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, projeções de inflação em elevação, expectativas desancoradas compõem um quadro desafiador para a política monetária do Brasil.
Com o aumento do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, os ativos financeiros brasileiros ganharam atratividade para os investidores internacionais, o que gerou forte tendência a valorização do Real frente ao Dólar, uma tendência que teve início antes das decisões, cuja direção já era esperada.
Entretanto, esta tendência deve ser revertida nesta semana, devido à decisão do governo de liberar R$ 1,7 bilhões no relatório de receitas e despesas divulgado no final da sexta feira, que surpreendeu os investidores (aumento do bloqueio de despesas de R$ 2,1 bilhões e redução do contingenciamento em R$ 3,8 bilhões). Esta decisão compromete ainda mais a trajetória da relação dívida/PIB, aumenta o risco do país percebido pelos investidores e, provavelmente, vai mais que compensar o aumento do diferencial de juros entre os dois países.