Economia

Publicado em 20 de Maio às 19:00:22

Diretores do Fed formam consenso em torno de mensagem mais “hawkish”

Mesmo após dados de inflação mais promissores no curto prazo tanto a nível do produtor como do consumidor e a pressão do presidente Trump para que o banco central norte americano (Fed) retome o ciclo de corte de juros, os diretores da autarquia parecem estar formando um consenso acerca de uma mensagem mais “hawkish” de política monetária.

Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, expressou recentemente a sua preocupação com a forte alta das expectativas de inflação dos consumidores. Isso se dá pelo fato das estratégias adotadas até aqui pelas empresas para conter aumentos de preços estarem chegando ao fim, fazendo com que muitos agentes venham classificando um aumento de preços como iminente. Esse fato, somado ao desejo do de que a incerteza econômica causada pela nova política tarifária se reduza antes de cogitar defender qualquer alteração na taxa básica de juros (Fed Funds rate), faz com que o seu cenário só contemple uma redução de juros nesse ano.

O presidente do Fed de Nova York, John Williams, defendeu uma postura parecida a ser adotada pelo banco central. O fato de estar praticando uma política de juros “ligeiramente restritiva” no momento deixa a autoridade monetária numa boa posição para avaliar melhor o impacto das tarifas de importação sobre a economia dos EUA.

Já o presidente do Fed de St. Louis, Alberto Musalem, foi mais enfático ao reforçar que a prioridade da política monetária deve ser a estabilidade preços. Essa fala é particularmente importante para diluir as dúvidas de grande parte dos analistas a respeito de qual variável (emprego ou inflação) o Fed iria dar mais peso num cenário de estagflação causado pelas tarifas, no qual ambos os objetivos do duplo mandato do Fed estariam ameaçados.

Em vista da solidez do crescimento econômico norte americano dos últimos anos, já víamos como difícil para o Fed promover mais de um corte de juros esse ano. Optamos por manter esse cenário de juros mesmo depois da introdução das tarifas de importação por parte do novo governo pelo fato de ser arriscado para o Fed iniciar um ciclo de corte de juros de caráter preventivo, podendo ser pego de surpresa com um repique da taxa de inflação, sendo forçado a não só interromper o afrouxamento monetário como a voltar a subir a taxa de juros. Agora, o Fed parece aos poucos estar convergindo para esse mesmo cenário, embora o mercado ainda sustente uma aposta mais otimista, de três cortes de juros em 2025.

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