O anúncio divulgado pelo Senador Flávio Bolsonaro de que ele foi escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para representar seus seguidores como candidato a presidente da República nas eleições de 2026, pegou a sociedade como um todo, assim como os investidores em geral, totalmente despreparados.
Como as pesquisas de opinião colocam o Senador como o candidato mais fraco entre todos os postulantes, sejam formais ou informais, o que favorece a reeleição do Presidente Lula, a escolha gerou forte reação negativa dos investidores, com desvalorização de mais de 2,0% do Real frente ao Dólar e queda de mais de 4,0% do IBOVESPA na sexta feira.
O bom comportamento da economia brasileira em 2025, foi sustentado por três âncoras. Primeiro, à desvalorização do Dólar no mercado internacional, resultado das incertezas geradas pela política comercial americana, com introdução de tarifas generalizadas, e das declarações do Presidente Donald Trump no sentido de interferir na política monetária e redução dos juros.
Segundo uma política monetária bastante contracionista adotada pelo Banco Central brasileiro no final de 2024 e início de 2025, quando aumentou a taxa de juros em mais de três pontos de porcentagem levando a taxa nominal de juros a 15,0% ao ano e a taxa real acima de 10,0% ao ano e uma comunicação bastante dura com a sociedade e o mercado, no sentido de manutenção desta política até que a meta esteja próxima de ser atingida.
Finalmente, a expectativas de que o governo a ser eleito no próximo ano adote uma política fiscal mais contracionista, capaz de estabilizar a relação dívida/PIB em um horizonte “aceitável pelo mercado”, o que permitiria queda da taxa de juros para níveis mais confortáveis.
Em conjunto, estas três âncoras fizeram com que o país passasse a atrair investimento estrangeiro, valorização do Real frente ao Dólar, desinflação de alimentos e de bens industriais e reversão da taxa de inflação em direção à meta, apesar de a inflação de serviços ainda elevada em decorrência da política fiscal expansionista.
A reação dos investidores na sexta feira sugere que esta última âncora foi, na melhor das hipóteses, fragilizada. A pergunta é, diante desta incerteza em relação ao cenário político, o Brasil persistirá atraindo capital externo e o Real se valorizando, permitindo que o Banco Central inicie o processo de queda da taxa de juros no primeiro semestre de 2025?
