A drástica mudança na política comercial americana anunciada pelo Presidente Trump vai ter efeitos importantes sobre o desempenho da economia americana, no curto prazo. Em primeiro lugar, deve-se esperar um aumento da taxa de inflação, na medida em que uma grande parte das importações americanas originárias do leste asiático (China, Camboja, Laos, Tailândia, etc.) serão taxas com alíquotas acima de 40%.
Por outro lado, o programa deverá gerar uma disrupção importante das cadeias produtivas, algo similar ao que ocorreu com a pandemia do Covid 19. O resultado será uma desaceleração da economia americana. Em outras palavras, no curto prazo, teremos mais inflação e menos crescimento.
Como irá se comportar o Federal Reserve (Fed) diante do mandato duplo de perseguir a meta de inflação de 2,0% ao ano e o máximo de emprego. Em outras palavras, irá priorizar atingir a meta para a taxa de inflação ou o máximo emprego?
Após a última reunião do Fomc, que decidiu manter a taxa de juros estável entre 4,25% e 4,5% ao ano, o Presidente do Fed, Jerome Powell, declarou que os aumentos de tarifas deverão gerar pressão inflacionária no curto prazo, mas que serão transitórias, sugerindo que poderá manter uma postura mais dovish, o que significa priorizar o nível de emprego.
Da mesma forma, os investidores, em grande parte, parecem estar caminhando nesta mesma direção, enquanto a maioria está esperando duas ou mais reduções da taxa de juros em 2025. Nossa expectativa, ao contrário, é que dado o caráter inusitado do programa anunciado pelo Presidente Trump e o consequente elevado grau de incerteza quanto a suas consequências a maioria dos membros do Fomc deverá votar por manter a taxa de juros estável em 2025, evitando o mesmo erro cometido após o fim da pandemia.