A divisão entre os membros do Copom na votação da reunião de maio em linhas aparentemente políticas, com os que foram indicados pelo atual governo votando por uma redução de – 0,5 pontos de porcentagem da SELIC enquanto os membros indicados pelo governo anterior votando por uma redução de – 0,25 p.p., continua reverberando entre os investidores.
Para uma parte significativa dos investidores, esta divisão indica que a futura diretoria que se tornará majoritária a partir de janeiro de 2025, se contentará com uma política monetária mais leniente com a inflação. Esta avaliação foi um dos fatores que levaram à aceleração da desancoragem das expectativas para a inflação desde o início do ano.
Entretanto, ao longo das últimas semanas, houve uma mudança no teor dos pronunciamentos tanto dos membros da diretoria indicados pelo atual governo quanto dos indicados pelos governos anteriores. Enquanto os membros indicados pelo atual governo passaram a adotar um discurso mais duro, fazendo questão de anunciar que não hesitarão em aumentar os juros caso seja necessário para atingir a meta para a inflação, os membros indicados pelo governo anterior adotaram uma postura mais amena, sem indicar como se comportarão no futuro.
A impressão que passa é que é uma tentativa de readquirir parte da credibilidade perdida via declarações. O problema é que os investidores estão esperando ações. Esta talvez seja a razão pela qual a curva de juros já precifica pelo menos três aumentos de juros ainda em 2024 e várias “casas” já preveem aumentos da SELIC da mesma magnitude. Nossa avaliação é que teria pouco efeito sobre a credibilidade.