Economia

Publicado em 11 de Setembro às 16:10:22

Estabilização das expectativas para a inflação reduz a probabilidade de aceleração de queda da SELIC até final de 2023

As declarações do Presidente Lula da Silva ao longo do primeiro semestre de 2023, indicando que considerava a meta de 3,0% para a inflação a partir de 2024 excessivamente baixa, o que forçaria o Banco Central a adotar uma política monetária muito contracionista, foram interpretadas pelos investidores como uma indicação de que a meta seria aumentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em sua reunião de julho de 2023. Esta foi uma das principais razões, se não a principal, para o descolamento das expectativas para a inflação em horizontes mais longos, a partir de 2024, das respectivas metas, dificultando a convergência da inflação para as metas.

Entretanto, o CMN decidiu manter a meta de 3,0% para 2026, surpreendendo parte dos analistas que já haviam, inclusive, colocado em seus modelos uma meta mais elevada. Esta decisão fez com que as expectativas para a inflação nestes horizontes recuassem em direção às respectivas metas nas primeiras semanas logo após a decisão e foi um dos fatores elencados pelo COPOM para justificar o início do processo de queda da SELIC na reunião do Comitê do mês de agosto. Entretanto, após esta primeira reação, as expectativas se estabilizaram em 3,5% ao ano em 2025 e 2026, nível ainda acima das respectivas metas (3,0%), o que sugere que outros fatores, além da possibilidade de que a meta fosse aumentada, estão afetando as expectativas.

A estabilização das expectativas acima das metas nos horizontes mais longos elimina uma das pré-condições indicadas na Ata da reunião de agosto do COPOM para a aceleração dos cortes de juros nas próximas reuniões do Comitê. Uma outra pré-condição, um aumento substancial do hiato do produto, também parece difícil de ser obtida, na medida em que o mercado de trabalho continua dando sinais de resiliência e a economia continua crescendo acima do esperado pelos investidores (a nosso ver, o resultado de uma política fiscal fortemente expansionista). Falta a terceira pré-condição, uma acentuada queda da inflação de serviços de tal forma a torná-la compatível com a trajetória da meta para a inflação em 2024. Parece pouco provável que isto venha a acontecer ainda este ano. O que aumenta a probabilidade de manutenção da trajetória de queda de 0,5 pontos percentuais em cada reunião do COPOM até o final de 2023.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações