Economia

Publicado em 18 de Junho às 18:13:42

Estariam os membros do Copom realmente buscando o consenso?

Na véspera de uma reunião crucial do Copom, que tem o potencial de reverter ou de confirmar a desconfiança dos investidores acerca da condução futura da política monetária após o placar dividido da reunião de maio, o presidente Lula voltou a criticar o seu homólogo do Banco Central.

Contudo, diferentemente das reuniões anteriores, quando os diretores indicados pelo atual governo podiam facilmente escapar das críticas de ambos os lados (mercado e governo) ao tomarem as suas decisões no tocante a taxa básica de juros da economia brasileira, desta vez esses membros não vão conseguir se esquivar de “escolher um lado”. Eles terão que se equilibrar entre buscar um consenso com o grupo dos demais cinco diretores mais “hawkish” no intuito de recuperar e credibilidade da autoridade monetária e, ao mesmo tempo, não desagradar o governo por estarem votando junto do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, para interromper o ciclo de corte de juros.

O problema é que as falas do presidente Lula dessa terça-feira (18/06) diminuíram a probabilidade de uma decisão unânime no Copom de hoje (19/06) a favor de uma manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano. Lula sinalizou que a barra para quem pretende ser o próximo presidente do Banco Central está mais elevada, no sentido de que um voto por um corte de juros na reunião de hoje seria uma condição necessária, mas não suficiente, para os diretores que almejem tal posto. Isso deixa a posição dos diretores de Política Monetária (Gabriel Galípolo) e de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos (Paulo Picchetti) ainda mais difícil.

Num cenário em que as expectativas de inflação continuam desancorando a cada divulgação da pesquisa Focus, a percepção de risco fiscal por parte dos investidores aumentou consideravelmente e as relações do governo com o Congresso pioraram, com o Executivo mostrando grande desarticulação política, a última coisa que precisamos no momento é de uma nova reunião dividida do Copom (com a mesma composição da anterior) que confirme as suspeitas do mercado de uma política monetária mais leniente com a inflação de 2025 em diante, que se preocupe mais com o crescimento econômico do que com a estabilidade de preços.

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