Os Estados Unidos decidiram impor uma tarifa de 50% sobre todos os bens e serviços exportados pelo Brasil com destino ao país. Essa taxa superou, em muito, o esperado pelo mercado, que era de um aumento dos 10% anunciados no dia 2 de abril para 20%. Esse patamar de 50% é a maior elevação promovida nos últimos dias, colocando o Brasil à frente dos países do Leste Asiático e da própria China no ranking das maiores tarifas de importação.
Ao contrário da motivação econômica dos EUA para impor tarifas sobre esses países, que tem como modelo econômico a plataforma exportadora para os EUA, no caso brasileiro não havia justificativa clara para tal, uma vez que o Brasil é deficitário na sua relação comercial com os norte-americanos.
A decisão do Brasil de retaliar usando a Lei de Reciprocidade Econômica tampouco é óbvia, e vai depender de uma análise item a item da balança comercial. Os EUA, diferentemente de outros parceiros comerciais do Brasil, não compra só bens primários de menor valor agregado, mas sim produtos intermediários e de alto valor agregado. Além disso, muitas empresas que produzem os principais itens da pauta de exportação para os EUA já possuem instalações no exterior, o que ajuda a minimizar o impacto da imposição das tarifas de 50%.
A despeito do histórico de idas e vindas na política comercial do governo Trump, a especificidade do caso brasileiro (que acabou ganhando contornos mais políticos do que econômicos) contribui para que seja mais difícil para os EUA considerarem voltar atrás dessa decisão.