Economia

Publicado em 08 de Setembro às 07:58:13

Excesso de poupança das famílias norte-americanas chega ao fim

A divulgação do último relatório de despesas com consumo pessoal (PCE) das famílias norte-americanas referente ao mês de julho apontou para um crescimento de gastos com consumo bem acima da renda pessoal, o que, aliado a uma alta dos impostos pessoais, pressionou a renda disponível.

Em decorrência disso, o excesso de poupança das famílias se reduziu consideravelmente, com os indivíduos consumindo cerca de US$ 115 bilhões do estoque num intervalo de apenas um mês. Como resultado, o volume de poupança acumulada saiu de US$ 67,1 bilhões positivos para US$ 48,6 bilhões negativos na passagem de junho para julho.

O fim do estoque de poupança acumulado pelas famílias nos anos de pandemia deve forçar um contingente considerável de pessoas a retornarem para a força de trabalho em busca de emprego nos próximos meses, o que promoveria uma recuperação da taxa de participação para os níveis pré-pandemia e, consequentemente pressionaria a taxa de desemprego, principalmente num contexto no qual o número de postos de trabalho em aberto (JOLTS), uma métrica de demanda por mão de obra, já vem surpreendendo negativamente.

Esse fenômeno, caso ocorra de forma muito acentuada, poderia colocar em risco o cenário base atual da ocorrência de um “pouso suave”. Por outro lado, caso se dê de forma mais moderada, esse movimento pode contribuir para satisfazer uma das condições impostas pelo presidente do banco central norte-americano (Fed), Jerome Powell, para não promover mais nenhum aumento da fed funds rate, que é justamente um maior equilíbrio entre as condições de oferta e demanda no mercado de trabalho.

 Adicionalmente, o fim do excesso de poupança também pode ajudar a conter o consumo das famílias, que vem apresentando forte ímpeto desde a reabertura da economia e sendo o principal fator de sustentação da demanda agregada. Esse fato pode configurar um outro passo no sentido de satisfazer a segunda condição imposta por Powell para manter os juros estáveis no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano, que é o crescimento do PIB cair abaixo da tendência de longo-prazo (1,8% t/t anualizado).

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