A mediana das expectativas para 2024 bateu no limite do intervalo de metas para 2024, 4,50%, nesta semana. E os sinais não são muito promissores quanto à possibilidade de estancar esta desancoragem das expectativas.
Além do ceticismo dos investidores quanto à possibilidade de o governo adotar medidas de corte de gastos para conseguir atingir as metas de superavit primário contidas no arcabouço fiscal, o governo continua a adotar uma política fiscal fortemente expansionista, com o anúncio de novos projetos de aumento de gastos e a utilização de fundos públicos para financiar novas despesas, gerando excesso de demanda e aumento da pressão sobre a taxa de inflação.
Por outro lado, o aumento da dívida pública gera desconfiança entre os investidores quanto à capacidade do governo de cumprir seus compromissos financeiros no futuro. Com isto, os investidores cobram taxas de juros cada vez maiores para financiar a dívidas pública, ao mesmo tempo em que reduzem os prazos dos títulos.
O resultado é que as taxas dos títulos mais longos já voltaram a níveis próximos a 13,0% ao ano, o que pressiona a dívida, e a taxa de câmbio voltou a atingir nível próximo a R$ 5,70 por Dólar.
Diante deste cenário, sem uma decisão clara de medidas estruturais de corte de gastos, a deterioração do cenário fiscal e, em consequência, do cenário inflacionário, irá persistir, forçando o Banco Central a adotar uma politica monetária ainda mais contracionista. Nossa projeção é que, caso o Banco Central deseje efetivamente atingir a meta de 3,0% de inflação no terceiro trimestre de 2026, terá de levar a SELIC a 13,50% ao ano.